segunda-feira, 16 de maio de 2011

Um dia memorável !

 
À muito que o dia 15 de Maio estava reservado para voltar à Ilha do Rato e especialmente ao Rosário, próximo destino dos passeios que a tripulação do Blue Seven organiza em parceria com a Marina do Parque das Nações e com a Associação Nacional de Cruzeiros.

Saida do Wite Fin da MPN

O regresso estava directamente ligado à necessidade de elaborar um roteiro e um segundo reconhecimento visual do local, para que no próximo dia 29 de Maio tudo corra pelo melhor, não nos podemos esquecer que navegamos com sondas reduzidas baixas ( muito baixas mesmo !! )
Como a expectativa é levar cerca de 20 barcos ao Rosário, havia que estudar o local e ver onde fundear tamanha frota, o sitio tem de ser seguro e acessível à praia e por consequência ao restaurante reservado para o efeito.

Feitos alguns contactos, consegui falar com o Mestre João Gregório, pessoa muito conhecedora daquela zona do estuário do Tejo que prontamente se disponibilizou para nos guiar por aquelas paragens. Só tinha um pequeno problema! no Domingo tínhamos de o ir buscar à Ilha do Rato !! Comecei logo a imaginar coisas !

Desta feita, após um Sábado tranquilo, em termos meteorológicos, Domingo reservou-nos ventos na casa dos 25 nós, e a previsão era de continuar fresco até às 13:00, período a partir do qual a coisa melhorava.

Saídos da MPN, cedo os enjoos a bordo do Blue Seven começaram, especialmente do meu querido Francisco, que, não gostando especialmente destes programas, faz um enorme esforço para colocar um sorriso e seguir em frente à espera que a coisa melhore… por sua vez o Guilherme encara a coisa com um outro desportivismo, tendo desde logo a felicidade de não enjoar e de até gostar do programa proposto.


O Francisco já mais para lá do que para cá ...
Sabendo que iríamos navegar em águas pouco profundas, e que enchia à pouco tempo, não nos importamos !   rumamos directos à entrada da enseada do Montijo. Cedo encontramos sondas reduzidas baixas! Eu que tenho a sonda à linha de água, comecei logo a fazer contas de cabeça a ver se a coisa passava, o Luís Santos no seu novo barco, o White Fin, a chamar pelo VHF e a fazer uns ziguezagues à minha ré, contudo sempre com um bom resguardo de segurança.

Entrados na baia Montijo, liguei ao Mestre Gregório que me indicou a forma de contornarmos a Ilha do Rato, já a sul da mesma fundear o Blue Seven, depois com o recurso ao Aux os ir buscar a terra. Não ficamos fundeados a mais de 100 m do local onde se encontravam.

O White Fin fundeado e o Aux do Blue Seven a caminho da Ilha do Rato
A sonda marcava 5.6 mtr, com duas horas e meia até à praia-mar, pelo que dá perfeitamente para fundear e passar a noite por ali.

Com a chegada dos tripulantes convidados a bordo do Blue Seven, largamos ferro em direcção ao canal do Barreiro para de seguida, após identificadas umas pequenas bóias a estibordo, mudamos de rumo e entramos numa espécie de canal ( não é o “tal canal” ) tendo o cuidado de deixar as bóias com um resguardo de 10  m sempre pelo nosso estibordo.

Mestre Gregório a contemplar a vista
Mas o melhor estava para vir, o Mestre Gregório cedo se apercebeu que não nos importávamos de navegar por ali e que a tranquilidade reinava a bordo, guiou-nos pelo contorno da costa ( praia do Rosário ) e mostrou interesse em nos levar um pouco mais além, sendo que esse além era a Moita… lá fomos, com o White Fin na nossa cala, e connosco a comunicar, dando conta das sondas que ia registando, de notar que cala mais 30 cm que o Blue Seven, coisa que naquelas circunstancias conta.

O ambiente a bordo do Blue Seven
Segundo o Mestre Gregório, as correntes são muito frouxas, logo o fundo não desenvolve grande alteração de características, pelo que as sondas mantêm-se por muito tempo inalteradas! menos mal pensava eu.

Gaio do Rosário a bombordo
Passado um estaleiro de desmantelamento do navios e deixando o Gaio do Rosário a Bombordo e o White Fin à nossa espera, por precaução, fomos até à 4ª balizagem “da boa vontade”, pois foi o Mestre Gregório e seus pares da Moita que a fizeram, e chegamos onde, palavras dele,” ainda nenhum barco à vela de patilhão fixo se aventurou a ir ”… teria dado para ir um pouco mais além? teria com certeza, mas pelas minhas contas andávamos com 10 / 15 cm de água abaixo do patilhão e estando a maré ainda a encher, cedo virava, pelo que optei por regressar.

Edificação histórica


Marca da "boa vontade" - já muito perto da Moita
Virando 180°, voltamos par atrás, com a manobra a ser feita por três vezes não fosse a coisa dar para o torto, apanhamos o Luís, e rumamos certinhos pelo canal até encontrarmos o local ideal para fundear.


Os dois Bavaria de "braço dado"
Ficámos braço a braço com o White Fin, mesmo em frente ao restaurante Baia Cais da praia do Rosário, sonda a marcar 5.5 – 6.0 mtr e muito perto do estofo da maré, talvez a 250 mtr de distancia.

A despedida da Familia Gregório

O Mestre Gregório, que tamanho privilégio me deu de o ter a bordo, tinha outros planos para o almoço e, não obstante a nossa insistência, quis ir almoçar à Ilha do Rato, pelo que fizemos uma pequena incursão Rosário vs Ilha do Rato, o Guilherme acompanhou-nos na pequena viagem.

Mestre João Gregório
Do muito que conversamos, fica o homem e a sua simplicidade, o seu gosto de ajudar e sua vontade de partilhar, na minha cabeça ficou a vontade de com ele descobrir novos destinos náuticos.

Regressados, almoçamos a bordo do White Fin, que diferença faz um metro num barco!!

Os amigos Wite Fin(s) Luís e Maria José

De seguida os adultos foram tomar tomar um café e a garotada um gelado a terra, para logo de seguida iniciamos a nossa viagem de regresso à MPN, a maré vazava à uma hora e meia, eram 15:30, sonda a marcar 4.5 m.
 
Aproximação à praia do Rosário
Peripécia a assinalar no regresso de Aux!! Nem o meu motor nem o do Luís parecia muito interessado em trabalhar, curiosamente são rigorosamente iguais, imagine-se porque! Parece que a coisa não pega se o hélice estiver preso, por exemplo na areia ! Não sabia e só o descobrimos por mero acaso, mas que ficou registado, ficou.





Do regresso retive a vazante de 4 nós e que nos atrasou substancialmente em relação ao White Fin. Eu armado em "calão"  levava rebocado o Aux ainda com o motor montado, pelo que tive que parar para o retirar, literalmente não vencia qualquer distância a subir o rio, mesmo com o motor às 3000 rpm.
Se serviu para alguma coisa, talvez tenha servido para “limpar” o motor do Blue Seven, mas fundamentalmente para nunca mais me esquecer de uma coisa que, por ventura, toda a gente sabe, não rebocar nada quando se navega contra a corrente… à e já agora ter o fundo limpo ...

À chegada a habitual simpatia do pessoal da MPN no momento de atracar, e a visita da Filipa Vilar que, estando à escuta no canal 9, disse que às tantas estava com os cabelos em pé com as comunicações entre o Blue Seven e o Wite Fin.

Lá lhe fui dizendo que não obstante as parecenças, respeitamos sempre as regras elementares da navegação em águas pouco profundas, quando assim navegamos a maré está sempre a encher, não inventamos nada, e quando não sabemos, levamos quem saiba a bordo, para finalizar porque não admiti-lo, a audácia faz igualmente parte da equação e essa ou se têm ou não se têm …

Como podem ver o Rosário é um destino náutico magnifico, pelo que cá vos aguardamos para o passeio ao Rosário no próximo dia 28 a 29 de Maio, com a certeza que vão desfrutar de um dia diferente ! e é mesmo aqui ao lado.